quarta-feira, março 29, 2006

Palocci

E não é que conseguiram derrubar o Palocci por causa da quebra de sigilo bancário. Até eu, quando era estagiário do Banrisul, acessava as contas de quem quisesse (desculpa, família). E a gerente de contas do banco que volta e meia me liga pra dizer que estou no vermelho. Como ela sabe disso? Como a gerente de contas do banco conseguiu quebrar o meu sigilo bancário e não foi pra rua ainda. Vou pedir uma CPI para investigar isso.
A mídia bateu duro no Palocci, mas passou de longe pelo fato de que alguém depositou dinheiro na conta do tal caseiro antes dele ir depor contra o ministro. Mal tocaram no assunto. Conseguiram mudar o foco das investigações. E conseguiram derrubar o ministro.
Ainda bem que eu não gostava muito da barbichinha dele, nem da língua 'plesa'.

quarta-feira, março 22, 2006

Nepotismo é só a ponta do iceberg

Muito tem se falado sobre Nepotismo e a imoralidade administrativa que advêm dessa prática. O João Ubaldo Ribeiro acerta em cheio quando diz que o Brasil é um país nepotista. No setor privado sempre se dá um jeito para empregar parentes. É a força do sangue e do sobrenome. Bem, se um empresário quiser contratar a mulher, os sobrinhos e a sogra, azar é dele e da empresa, que vai virar uma extensão da casa do sujeito. Todo mundo sabe que na grande maioria das vezes não se pune com rigor um parente, que se aproveita da posição privilegiada de ser “peixe” do chefe para chegar atrasado, sair mais cedo, prolongar o feriado e “acochambrar” o serviço.
Acontece que o serviço público não deve ser encarado como o privado, até por que o povo é quem paga a conta, e todos nós somos “clientes e acionistas” da máquina estatal.
Quando o Conselho de Justiça (CNJ) resolveu acabar com o nepotismo no judiciário, mexeu num vespeiro danado. Os tribunais estaduais do país todo foram ao STF para tentar barrar a resolução do conselho, que vai levar à demissão de 2.673 parentes de magistrados contratados sem concurso público. Os presidentes de tribunais foram até as últimas conseqüências para preservar os empregos dos parentes de desembargadores, chegando a falarem em desobediência civil, estimulando os cidadãos a não respeitarem as leis. O então presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Osvaldo Stefanelo, foi um dos que mais berrou contra a resolução do conselho.
Devemos lembrar que a denominação "cargo de confiança", não que dizer de confiança do juiz, pois o Tribunal não é uma empresa privada. É um órgão público, e como tal, a confiança é em respeito ao serviço público, ou seja, a pessoa que ocupará tal cargo o exercerá com zelo e responsabilidade, inclusive denunciando as maracutaias de que tiver conhecimento, algo muito difícil que ocorra entre parentes.
A resolução vem sendo acatada, apesar de tudo. Agora que são obrigados a demitirem seus parentes, o judiciário faz propaganda de combate ao nepotismo, afirma que foram os primeiros a acabar com tal prática e que o exemplo deles deve ser seguido pelos outros poderes. Ainda bem que eles não enganam ninguém. Pela nova regra, sobrinho do cônjuge não é parente, e muitas vezes transfere-se o parente para a área administrativa do Tribunal, desvinculando-os dos gabinetes.
O Brasil brinca de república, mas na verdade vive numa monarquia, onde manda-se mais ou menos, dependendo do nível de amizade com o Rei. Alguém deve lembrar as pessoas de que não estamos mais no Brasil-colônia e de que "somos todos iguais perante a lei" (art. 5º da Constituição Federal), portanto não existe mais Corte no Brasil, onde instalava-se a parentada às custas do povo.
Segundo dados do Ministério do Planejamento, existem hoje no Brasil mais de meio milhão de cargos de livre nomeação. São os chamados ‘Cargos de Confiança’ e ‘Cargos em Comissão’. Estes cargos estão distribuídos por todos os níveis dos três poderes, e poderiam (deveriam) ser destinados a trabalhadores comuns, concursados e fiscalizados como qualquer outro servidor. E é aí que está o grande mal do serviço público brasileiro. Na verdade, nepotismo é só a ponta do iceberg.
Os cc’s são usados como moeda de troca entre os partidos, que são sustentados pelos seus filiados cc’s.
É assim que funciona: o partido (qualquer deles) arrecada o máximo de filiados para ajudar nas campanhas políticas, e em troca oferece bons cargos no serviço público. Mesmo que o partido não ganhe, sempre sobra uma secretaria ou um órgão para administrar. Depois que o filiado está trabalhando como cc, lhe é cobrado uma taxa que varia de 15 até 50% dos seus ganhos, mas não precisa ficar com pena dele, pois ele também não trabalha muito. Geralmente os cc’s só aparecem meio-turno por dia. Isso nos casos em que eles vão trabalhar, pois às vezes nem sabem onde é que fica sua sala. Mais não é nada fácil ser cc, pois tem que falar mal da administração anterior e dos funcionários concursados, puxar o saco do chefe e do cabo eleitoral, freqüentar festinhas do partido, conseguir votos entre femiliares, amigos e vizinhos, etc . Agora tenta achar um cc em época de campanha. Impossível. Estão todos na rua, ‘panfleteando’ pelas esquinas e fazendo número em comícios.
Por isso, quando tu veres aquele povo nas ruas, fazendo campanha com bandeiras, bonés e camisetas, não pense que são apaixonados pelo partido ou pelo candidato. Estão apenas defendendo o cargo que já tem, ou os que terão. A última militância verdadeiramente apaixonada que eu vi foi a do PT, mas já faz tempo.
Se alguém precisa de funcionários capacitados para algum órgão, que se faça concurso. Se o servidor concursado não for capaz de exercer suas atividades, que seja demitido e colocado outro (também concursado) em seu lugar. O servidor concursado é menos suscetível à corrupção, pois tem um vínculo maior com o estado, e é protegido caso denuncie alguém. Nunca um cc denunciaria seu chefe, pois estaria na rua no mesmo dia, sem direito algum.
Acabar com os cargos de livre nomeação é o primeiro passo para acabar-se com uma prática maléfica, mas muito comum no Brasil: a corrupção.

sexta-feira, março 17, 2006

Estelionato

"Emitir um cheque furtado para pagar uma dívida no supermercado, de R$ 100,00 é crime de estelionato, não importando o ressarcimento do prejuízo da vítima. Não recolher ao fisco um milhão de reais é crime de sonegação fiscal, que automaticamente tem a punibilidade extinta e o processo arquivado quando o sonegador ressarce o prejuízo ou se inclui em programa de recuperação fiscal e cumpre a obrigação", segundo o Juiz João Marcos Buch.

quinta-feira, março 16, 2006

Serra x Alckmin

Tem um boato rolando por aí que afirma que essa história toda da briga Serra x Alckmin foi forjada, e que a cúpula do PSDB já havia decidido há muito tempo pelo “picolé de chuchu”. Tudo não passaria de uma grande armação para que a imprensa falasse mais do Alckmin, que lhe desse mais notoriedade, pois ele não era tão conhecido pelos grotões do Brasil. Na verdade, esse tipo de farsa é uma jogada muito comum em política, e trouxe um pouco mais de visibilidade ao candidato tucano.

Geraldo Alckmin sai da pseudo-disputa com jeitão de vencedor, já que ganhou do ex-ministro da saúde. O povo gosta disso, gosta de vencedores, gosta de mitos. Ponto pra ele. Também passa a imagem de ser obstinado, de “saber o que quer”, de ser “gente que faz”, pois enquanto o Serra ficava fazendo biquinho, dizendo que não falava sobre candidatura, que era muito cedo para se tocar nesse assunto, Alckmin dizia com todas as letras “eu quero e eu vou ser presidente do Brasil”, e percorria o Brasil fazendo campanha para sua pré-candidatura. Mais um ponto pra ele.

Quanto a José Serra, em nada se prejudica por ter participado dessa palhaçada toda, pois em nenhum momento ele disse que seria candidato a candidato, nem que gostaria de ser.

Serra já perdeu para o Lula antes, e todos sabem que ele corria sérios riscos de perder de novo. Como vivemos numa sociedade extremamente consumista, estamos acostumados a idolatrar o novo e relegar o velho. O PSDB precisava de algo novo para tentar vencer as próximas eleições, e daí surge o Alckmin, discípulo da velha raposa sem-vergonha Mário Covas, que Deus o tenha (ihh, agora meu avô deu três voltas no túmulo).

Veja o que disse Newton Campos, articulista de um site de política: “Desta forma, por acaso ou forjadamente, seja pelo PSDB, seja pelo próprio Alckmin, conseguiu-se colocar o nome "Alckmin" na boca de milhares de brasileiros que nunca tinham sequer ouvido falar dele. Hoje todos sabem quem ele é, seja em Roraima, em Pernambuco ou Mato Grosso do Sul. Se a intenção era esta a jogada foi brilhante”.

Então tá. Já sabemos o que nos aguarda nas próximas eleições.

quarta-feira, março 15, 2006

Eleitor

terça-feira, março 14, 2006

Realidade

"Vivemos em um País que exige ensino médio para ser gari, mas não exige o ensino fundamental para vereadores, prefeitos, deputados, senadores e presidente."

quarta-feira, março 08, 2006

Dia Internacional da Mulher

Hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher, e por isso eu começo dando os meus sinceros parabéns a todas aquelas que, de alguma forma, contribuem com seu jeito materno e doce para que o mundo seja cada vez melhor. Se você for mulher, continue lendo. Se for homem, pode clicar aqui ou aqui e ver algo do seu interesse.
Hoje todos os filhos devem abraçar suas mães, todos os maridos, noivos, namorados e amantes devem mandar rosas às suas amadas, todos os alunos devem bater palmas às suas professoras, enfim, todos os homens devem dizer, ao passar por uma mulher: “— Olá, obrigado por existir, e feliz Dia da Mulher!”
Esta data foi escolhida para ser o Dia Internacional da Mulher, pois em 8 de março de 1857, cerca de 130 tecelãs da fábrica de tecidos Cotton, de Nova Iorque decidiram paralisar seus trabalhos, reivindicando diminuição da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias. A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no local e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". Desde então movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma mundo afora.
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Vocês, mulheres, merecem muito mais que um dia para serem homenageadas, e esta data é apenas a representação do quão importante vocês são para o bom andamento da humanidade. Aliás, sem vocês a humanidade nem existiria, e se existisse, seria uma bagunça.
O mundo já foi só dos homens, mas está cedendo (à força) cada vez mais espaço às mulheres. E vocês fazem por merecer cada cm2 conquistado.
Vivemos numa sociedade machista, às vezes disfarçada de igualitária, às vezes nem tanto. Por mais incrível que possa parecer, mulheres ainda são castradas antes do casamento na África, para que não tenham prazer no sexo, em alguns países islâmicos mulheres são apedrejadas por terem cometido adultério, mesmo o marido tendo saído de casa e se casado com outra. É que pela lei islâmica, uma vez casada, a mulher pertence ao marido para sempre, mesmo que este não a queira mais. Na Índia, as mulheres pagam dotes em dinheiro ou bens para poderem casar.
Bem, para a nossa sorte vivemos no Brasil, e aqui não existem esses absurdos, certo? Errado. Podemos não ter castração legal nem pedrada pública, mas temos altos índices de discriminação, espancamentos, assédios e abusos de todos os tipos.
A mulher continua com sua jornada dupla (ou até tripla) de trabalho. Muitas brasileiras levantam cedo da cama para preparar o café do marido, arrumar a roupa que o ele vai usar, acordar os filhos e deixá-los prontos para o colégio, alcançar a toalha para o marido no banheiro, pois o bundão esqueceu de pegá-la, colocar o lanche na merendeiras das crianças e conferir se o material escolar está em ordem, etc. Só que o mundo de hoje não permite que tenhamos simples donas-de-casa, por isso, quando todo mundo sai, ela não vai ver televisão enquanto arruma a bagunça deixada pela tropa. Ela também tem que sair para trabalhar, e mesmo que ela tenha mais estudo que seu colega de serviço (homem), ela vai ganhar cerca de 30% menos que ele. Se ela for negra, receberá menos ainda, e se tiver mais de quarenta anos, dificilmente conseguirá emprego.
No Brasil, quatro mulheres são espancadas a cada minuto, a maioria por seu marido ou parceiro. Por ser considerado crime, cerca de 1,2 milhão de abortos são realizados clandestinamente, por ano, causando 9% das mortes maternas e 25% das esterilidades. Quase metade das mulheres que está no mercado de trabalho ganha 1 salário mínimo. Nos primeiros 5 meses de 2004 foram registrados 132 mil casos de violência contra a mulher, isso só no estado de São Paulo.
Mesmo com todos esses dados alarmantes e assustadores, os direitos das mulheres vêm sendo respeitados cada vez mais, e as mulheres estão ocupando cargos em todos os postos de trabalho.
Na política, por exemplo, já temos duas governadoras (Rosinha-RJ e Vilma de Faria-RN), quatro ministras (Marina Silva, Dilma Rousseff, Benedita da Silva e Emília Fernandes), nove senadoras, entre elas Roseane Sarney (tá certo, nem tudo são flores), 44 deputadas federais, 130 deputadas estaduais, 320 prefeitas e 7 mil vereadoras. A maior parte dos candidatos aprovados em concursos públicos e alunos de universidades são mulheres. Existem mulheres chefes de Estado em três países da União Européia, na África e até no machista Chile. Tem até uma mulher (Condoleezza Rice?!?) mandando nos EUA. Nada disso se poderia imaginar a 10 anos atrás. Isso é muito bom, mas como disse antes, ainda há muito a ser feito.
Dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, e eu digo que por todo lugar, sempre, existem grandes mulheres.
São heroínas que entraram para a história como Carmen Portinho, que foi a primeira pessoa formada em engenheira civil do país a pensar em conjuntos de habitação popular, ou como Eunice Michiles, primeira senadora do Brasil, ou Ana Nery, nossa primeira enfermeira, ou Pagu, Rachel de Queiroz, Rita Lee, Irmã Dulce, Leila Diniz, Chiquinha Gonzaga e tantas outras famosas e anônimas que fizeram e fazem esse país cada vez mais humano e fraterno. Por tudo isso, deixo novamente o meu apreço e admiração a vocês, mulheres, pela dedicação com que carregam o mundo nas costas, e sem tirar o salto alto.