quarta-feira, março 08, 2006

Dia Internacional da Mulher

Hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher, e por isso eu começo dando os meus sinceros parabéns a todas aquelas que, de alguma forma, contribuem com seu jeito materno e doce para que o mundo seja cada vez melhor. Se você for mulher, continue lendo. Se for homem, pode clicar aqui ou aqui e ver algo do seu interesse.
Hoje todos os filhos devem abraçar suas mães, todos os maridos, noivos, namorados e amantes devem mandar rosas às suas amadas, todos os alunos devem bater palmas às suas professoras, enfim, todos os homens devem dizer, ao passar por uma mulher: “— Olá, obrigado por existir, e feliz Dia da Mulher!”
Esta data foi escolhida para ser o Dia Internacional da Mulher, pois em 8 de março de 1857, cerca de 130 tecelãs da fábrica de tecidos Cotton, de Nova Iorque decidiram paralisar seus trabalhos, reivindicando diminuição da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias. A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no local e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". Desde então movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma mundo afora.
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Vocês, mulheres, merecem muito mais que um dia para serem homenageadas, e esta data é apenas a representação do quão importante vocês são para o bom andamento da humanidade. Aliás, sem vocês a humanidade nem existiria, e se existisse, seria uma bagunça.
O mundo já foi só dos homens, mas está cedendo (à força) cada vez mais espaço às mulheres. E vocês fazem por merecer cada cm2 conquistado.
Vivemos numa sociedade machista, às vezes disfarçada de igualitária, às vezes nem tanto. Por mais incrível que possa parecer, mulheres ainda são castradas antes do casamento na África, para que não tenham prazer no sexo, em alguns países islâmicos mulheres são apedrejadas por terem cometido adultério, mesmo o marido tendo saído de casa e se casado com outra. É que pela lei islâmica, uma vez casada, a mulher pertence ao marido para sempre, mesmo que este não a queira mais. Na Índia, as mulheres pagam dotes em dinheiro ou bens para poderem casar.
Bem, para a nossa sorte vivemos no Brasil, e aqui não existem esses absurdos, certo? Errado. Podemos não ter castração legal nem pedrada pública, mas temos altos índices de discriminação, espancamentos, assédios e abusos de todos os tipos.
A mulher continua com sua jornada dupla (ou até tripla) de trabalho. Muitas brasileiras levantam cedo da cama para preparar o café do marido, arrumar a roupa que o ele vai usar, acordar os filhos e deixá-los prontos para o colégio, alcançar a toalha para o marido no banheiro, pois o bundão esqueceu de pegá-la, colocar o lanche na merendeiras das crianças e conferir se o material escolar está em ordem, etc. Só que o mundo de hoje não permite que tenhamos simples donas-de-casa, por isso, quando todo mundo sai, ela não vai ver televisão enquanto arruma a bagunça deixada pela tropa. Ela também tem que sair para trabalhar, e mesmo que ela tenha mais estudo que seu colega de serviço (homem), ela vai ganhar cerca de 30% menos que ele. Se ela for negra, receberá menos ainda, e se tiver mais de quarenta anos, dificilmente conseguirá emprego.
No Brasil, quatro mulheres são espancadas a cada minuto, a maioria por seu marido ou parceiro. Por ser considerado crime, cerca de 1,2 milhão de abortos são realizados clandestinamente, por ano, causando 9% das mortes maternas e 25% das esterilidades. Quase metade das mulheres que está no mercado de trabalho ganha 1 salário mínimo. Nos primeiros 5 meses de 2004 foram registrados 132 mil casos de violência contra a mulher, isso só no estado de São Paulo.
Mesmo com todos esses dados alarmantes e assustadores, os direitos das mulheres vêm sendo respeitados cada vez mais, e as mulheres estão ocupando cargos em todos os postos de trabalho.
Na política, por exemplo, já temos duas governadoras (Rosinha-RJ e Vilma de Faria-RN), quatro ministras (Marina Silva, Dilma Rousseff, Benedita da Silva e Emília Fernandes), nove senadoras, entre elas Roseane Sarney (tá certo, nem tudo são flores), 44 deputadas federais, 130 deputadas estaduais, 320 prefeitas e 7 mil vereadoras. A maior parte dos candidatos aprovados em concursos públicos e alunos de universidades são mulheres. Existem mulheres chefes de Estado em três países da União Européia, na África e até no machista Chile. Tem até uma mulher (Condoleezza Rice?!?) mandando nos EUA. Nada disso se poderia imaginar a 10 anos atrás. Isso é muito bom, mas como disse antes, ainda há muito a ser feito.
Dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, e eu digo que por todo lugar, sempre, existem grandes mulheres.
São heroínas que entraram para a história como Carmen Portinho, que foi a primeira pessoa formada em engenheira civil do país a pensar em conjuntos de habitação popular, ou como Eunice Michiles, primeira senadora do Brasil, ou Ana Nery, nossa primeira enfermeira, ou Pagu, Rachel de Queiroz, Rita Lee, Irmã Dulce, Leila Diniz, Chiquinha Gonzaga e tantas outras famosas e anônimas que fizeram e fazem esse país cada vez mais humano e fraterno. Por tudo isso, deixo novamente o meu apreço e admiração a vocês, mulheres, pela dedicação com que carregam o mundo nas costas, e sem tirar o salto alto.