quarta-feira, maio 31, 2006

Super Nanny na Favela

Texto retirado do jornal Mídia Independente.

SBT zomba dos brasileiros ao exibir para pobres programa feito para classe média
Por Leandro da Silva Rodrigues

SBT mostra problemas familiares dos burgueses paulistas

"É realmente um absurdo a forma como somos tratados pela televisão brasileira. Não bastasse as novelas alienadoras e telejornais tendenciosos, ainda somos obrigados a aturar - na tão propalada "televisão aberta", supostamente mais democrática - programas que afrontam a maioria do povo sofrido brasileiro. O programa supernanny, versão tupiniquim de enlatados trazidos de outras terras (especialidade do sbt), mostra uma suposta psicóloga que se propõe a resolver problemas disciplinares que os pais enfrentam com seus filhos, impondo regras e ditando conselhos que, se seguidos à risca, resolverão os problemas familiares e trarão a "paz e felicidade" de volta ao lar... Para isso, ela se vale de estratagemas que envolvem premiações a quem obedecer, passeios, etc, mostrando às crianças que elas devem obedecer as regras se quiserem ser premiadas. Sutilmente, ela vai entremeando essas situações com noções de autoridade, respeito e tolerância, tanto entre as crianças como com alguns pais que também precisam ser confrontados.
Mas até aí, onde está o problema? O problema está em que é um programa que mostra famílias totalmente fora da realidade brasileira. Todas as casas mostradas são grandes e espaçosas, com muitos cômodos e lindamente mobiliadas. As crianças, todas mimadas e branquinhas, tem incontáveis brinquedos em quartos abarrotados de coisas. Todas as famílias tem carro e freqüentam shopping centers, viajam etc... E ainda recebem mais presentes da supernanny. Resolver problemas de crianças bem nutridas, que tem tudo, é fácil. Quero ver a supernanny ir NUMA FAVELA, NO GUETO, como os paulistas gostam de dizer, e resolver problemas de crianças, a maioria negras, que não tem a presença dos pais porque eles tem que trabalhar para sobreviver, crianças que ficam expostas ao frio, a fome, a vizinhos aliciadores que as exploram e seviciam. Crianças que cuidam de outras crianças, que mostram uma responsabilidade precoce, muitas delas mais do que alguns pais que são mostrados no programa, por que são levadas pela dureza da vida a isso.
Fica aqui a sugestão: Supernanny, porque você não sobe o morro e vai conhecer a realidade brasileira? ou então, que o sbt pare de exibir esse programa elitista e o venda a alguma emissora de tv à cabo!"

quarta-feira, maio 24, 2006

Você conhece a pobreza no Brasil?

Mais uma copa do mundo vem aí, e com ela toda a nossa torcida para que sejamos, pela sexta vez, campeões mundiais de futebol. Definitivamente o Brasil é o país do futebol e do carnaval, mas como copa é só de quatro em quatro anos, este ano viraremos, de novo, a ‘pátria de chuteiras’. Nas olimpíadas não nos demos muito bem, nem no futebol olímpico e as tais olimpíadas de inverno então, nem pensar. Mas tem um item, um segmento, tal qual o futebol, em que o Brasil é sempre finalista. Ano-sim e ano-não, o Brasil leva o título de pior distribuição de renda do planeta. E como na copa do mundo, onde temos adversários à altura, como a Argentina, a Itália e a Alemanha, no índice de distribuição de renda, nossos ‘fortes’ adversários são o Borundi e Serra Leoa.
Entrei na página da Care pra pegar alguns dados para esse texto. São impressionantes.
Temos 56 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza, sendo que destas, 25 milhões em situação de extrema pobreza. Aqui 10% da população detêm metade da renda do país, e é considerada rica, 40% é considerada como classe média e 50% dos brasileiros são considerados pobres (estes detêm 10% da renda nacional). A renda de uma pessoa rica é 30 vezes maior do que a de uma pessoa pobre. Só para exemplificar, nos Estados Unidos e no Uruguai, essa diferença é de 10 vezes.
A diferença entre ricos e pobres é imensa. A renda per capta necessária para que um individuo faça parte dos 10% mais ricos é de R$ 571,00. Ou seja, uma família de 4 pessoas que tenha renda familiar de R$ 2.284,00 pertence ao grupo dos 10% mais ricos da população brasileira. Os que se acham classe média pertencem, na verdade, à elite da população, a verdadeira classe média são os que são vistos como pobres, e os pobres são invisíveis aos olhos da opinião pública.
Agora lê tudo de novo e vê se entendeu. Quem tem acesso à internet, como nós dois, é ricos, mesmo que o micro seja do trabalho, ou o acesso seja discado. Classe média não tem dinheiro pra comprar computador, pois é família de classe média aquela que tem renda mensal de até R$ 570,00 por pessoa. Pobre, então, nem se fala. Grande parte da população brasileira não tem acesso nenhum à internet, computador ou qualquer desses luxos do mundo moderno.
Não somos um país pobre, temos muito dinheiro rolando por aí. O problema é que ele só rola de rico para rico. A foto acima retrata bem a realidade brasileira, ao mostrar o bairro carioca de São Conrado e a favela da Rocinha.
Metade das crianças brasileiras menores de dois anos de idade vive na linha da pobreza. A Care sita o exemplo de um município do maranhão, onde 93% da população têm renda inferior ao nível de indigência. A média mensal do município é de R$ 35,00 por pessoa.
Mas tudo bem. No final tudo vai dar certo, afinal o time do Parreira está entrosado, temos o Rony (o melhor jogador do mundo), o Adriano Imperador, o Ronaldo Fenômeno, e outros deuses da felicidade. O quadrado mágico encanta, somos mais favoritos que nunca e, se acontecer uma catástrofe e não ganharmos a copa (deus-me-livre-guarde-amém-jesus), no ano que vem tem carnaval. Avante, Brasil-il-il.


Acesse a página principal da Care, entre na seção Quiz (teste agora o seu conhecimento). Clique na pergunta ‘Você conhece os números da pobreza?’ e faça o teste. Muitas pessoas não têm nem idéia do tamanho da pobreza no Brasil. Lá também tem um teste sobre a relação entre as mulheres e a pobreza, e outro teste sobre as florestas brasileiras. Bem interessante, e não custa nada.

terça-feira, maio 23, 2006

Caso Bolívia

Não entendo lhufas da Bolívia e até pouco tempo nem sabia que eles produziam algo além de soja e coca, por isso fiquei surpreso com esse imbróglio em torno do gás boliviano. Também não sei bem como é que se dão esses acordos internacionais, mas qualquer pessoa sabe que em um acordo (ou contrato, que seja) devem ser analisadas todas as hipóteses, pois se não se sabe o que vai acontecer no dia de amanhã, o que dirá no governo de amanhã.
Penso que foi irresponsável quem fez esse contrato com os bolivianos, deixando a indústria brasileira reféns dos humores da nação mais pisoteado da região.
A Bolívia é um país indígena, o mais pobre das Américas, essencialmente católico (100% cristão), mas que está cansado de carregar cruzes e oferecer a outra face.
Eles já foram roubados diversas vezes. Perderam parte do território com o único acesso ao mar para o Chile (em 1883). Perderam o Acre para o Brasil, pelas mãos do gaúcho Plácido de Castro (em 1902). Perderam 250 mil km² - quase o tamanho do Rio Grande do Sul - para o Paraguai (em 1935). Isso só em perdas territoriais, pois volta e meia o povo boliviano sofre desmandos e achaques da comunidade internacional.
Nada disso é desculpa para que eles não cumpram acordos ou quebrem contratos, mas são indícios de instabilidade em que eles vivem e que, ao se negociar com povos nesta situação, deve-se ter toda a cautela possível. E parece que o governo (principalmente o anterior, que foi quem investiu alguns dos nossos raros bilhões) foi avisado disso. Deveria ter tido mais cuidado, e deveria se averiguar até a possível punição para quem trata com tão pouco descaso do nosso erário.

Abaixo, trecho da coluna do Elio Gaspari, no jornal O Globo do dia 07 de maio de 2006.

Geisel avisava

Desde 1957, quando foi nomeado representante do Exército no Conselho Nacional do Petróleo, a 1979, quando deixou a presidência da república, o general Ernesto Geisel batalhou contra a construção do gasoduto boliviano.às vezes foi abertamente contra a idéia. Em alguns casos, cozinhou grupos de interesse.
Seu argumento era o seguinte: ”E quando aqueles bolivianos fecharem a válvula, o que é que eu faço? Mando o exército lá abrir?”
E não é que o Milico tinha razão...

quarta-feira, maio 17, 2006

42º Campanha da Fraternidade

Às vezes eu tenho a impressão que escrevo apenas para mim mesmo e que ninguém lê essa página, mas mesmo assim gosto de deixar aqui registrado as coisas que penso serem importantes, tais como a 42º Campanha da Fraternidade.
O tema promovido pela igreja católica este ano é "Fraternidade e Pessoas com Deficiência", e abrange um assunto que me é muito caro, pois durante dois anos fui voluntário na pedagogia da AACD Porto Alegre, atuando diretamente com crianças portadoras de necessidades especiais.
A grande preocupação da Campanha deste ano são os 500 milhões de deficientes existentes hoje no mundo, e como fazer para incluí-los na sociedade. O lema da campanha é: "levanta-te, vem para o meio".

A historinha abaixo foi retirada dá página do Deputado Estadual Gaúcho Elvino Bohn Gass.

O dono de uma loja estava colocando um anúncio na porta: "Cachorrinhos à venda". Esse tipo de anúncio sempre atrai as crianças, e logo um menino apareceu na loja perguntando:
- Qual o preço dos cachorrinhos?
O dono respondeu:
- Entre R$ 30,00 e R$ 50,00.
O menino colocou a mão no bolso e tirou umas moedas:
- Só tenho R$2,37. Posso vê-los?
O homem sorriu e assoviou. De trás da loja saiu uma cadela seguida por cinco filhotes. Um deles estava ficando consideravelmente para trás.
O menino imediatamente apontou o cachorrinho que estava mancando.
- O que aconteceu com este?- perguntou.
O homem explicou que quando aquele filhote nasceu, o veterinário disse que tinha uma perna defeituosa e que andaria mancando pelo resto de sua vida. O menino então exclamou:
- Pois esse é o cachorrinho que eu quero comprar!
E o homem respondeu:
- Não, filho, você não vai comprar esse cachorro. Se você realmente o quer, eu te dou de presente. Para mim, ele não vale nada.
O menino não gostou, e olhando direto nos olhos do homem, disse:
- Eu não quero que você me dê o cachorrinho de presente. Ele vale tanto quanto os outros, e eu pagarei o preço completo. Agora vou lhe dar meus R$ 2,37 e a cada mês trarei R$ 0,50 até que tenha-o pago por completo.
O homem respondeu:
- Eu não acredito que você quer de verdade comprar esse cachorrinho, filho. Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros.
O menino se agachou e levantou a barra de sua calça para mostrar sua perna esquerda, retorcida e inutilizada, suportada por um aparato de metal. Olhou de novo para o homem e disse:
-Bom, eu também não posso correr muito bem, e o cachorro vai precisar de alguém que o entenda.
O homem, envergonhado, sorriu e disse:
- Filho, só espero que cada um destes outros cachorrinhos tenha um dono como você.

segunda-feira, maio 08, 2006

Ordem no Congresso

quarta-feira, maio 03, 2006

Palhaço Garotinho

Trecho da coluna de Martha Medeiros, na Zero Hora de hoje.
"Carequinha simbolizava o palhaço ingênuo, humilde, cujo único propósito era entreter a família brasileira e dar alegria às crianças. Fez televisão, gravou discos, participou de programas humorísticos, sempre levando em consideração o respeitável público, que ele respeitava mesmo. Bem diferente dos outros palhaços que nos restaram. Agora temos Garotinho, que já nasceu com o nome perfeito para brilhar no picadeiro. Garotinho e sua pantomima, Garotinho e sua falta de senso do ridículo, Garotinho e sua inseparável partner, Garotinho e sua imensa platéia, que felizmente não o está aplaudindo, mas que está sendo forçada a engoli-lo. Ele faz greve de fome, mas a náusea é nossa."
"Renato Russo perguntava "que país é este?". Estivesse vivo ainda, trocaria para "que circo é este?", onde uma mulher barbada dança em plenário para comemorar impunidades e os políticos fazem mágica pra sobreviver a tanto escândalo. Têm sido péssimos na arte do ilusionismo, ninguém mais acredita neles, mas seguem firmes em cartaz. O dono do circo, então, é o papagaio que fala. Repete sempre a mesma coisa, botando o público pra dormir. E o público, em surto hipnótico, dorme."

Campanha Nacional