quarta-feira, abril 19, 2006

CNBB x Aracruz

Recebi por e-mail uma piada (meio sem graça, por sinal) que questiona o modo de vida dos sem-terra, afirmando que o emprego deles (como se ser sem-terra fosse emprego) é algo maravilhoso, pois não paga imposto, ganha tudo de graça do governo, não precisa se esforçar, etc.
Como piada, até poderia ter algum valor, mas nunca podemos esquecer que o protesto de uns pode garantir melhorias para todos. Ontem mesmo o bispo dom Tomás Balduíno, presidente da Pastoral da Terra defendeu o ato de destruição do laboratório da Aracruz, e disse que vandalismo foi a Aracruz ter desmatado milhares de hectares de terras para plantar eucaliptos e pínus, destruindo 1.500 nascentes. Pena que só virem piadas os excessos do MST. Os excessos que o poder público comete todos os dias para favorecer grandes grupos econômicos são vistos como incentivos à economia.
No início do ano, uma mulher foi presa por roubar um pote de margarina, e teve gente dizendo que ela deveria ficar na cadeia e dar exemplo aos outros, evitando que cada pessoa que passe fome roube algo para comer. A elite do país tenta impedir protestos e reivindicações do povo, pois sabe que ele tem razão, mas tem medo que ele busque o que é seu de direito.
No Brasil sempre se roubou terra. Os grandes fazendeiros roubavam terras dos índios, do governo, de pequenos proprietários e até deles mesmos. Era, e ainda é muito comum o ato de ‘estender’ a cerca da fazenda alguns quilômetros adiante. Nunca ninguém deu bola para isto, pois a terra sempre foi de quem quisesse. Isso só virou caso de polícia quando os pobres começaram a invadir terras improdutivas.
Quando rico rouba, bem feito pra quem foi roubado, quem mandou não cuidar do que é seu. Quando o ladrão é o pobre, daí é caso de polícia, são marginais, vagabundos, isto é um absurdo, temos que proteger a propriedade, etc.
Não podemos nos deixar enganar por manchetes de jornais.